AUTOMUTILAÇÃO
Depressão em Adolescentes
A automutilação é um distúrbio de comportamento que pode ter várias causas, entre elas, transtornos obsessivos, quadros depressivos ou o que chamamos de Transtorno de Personalidade Borderline, caracterizado pela impulsividade.
A Depressão em adolescentes pode levar à automutilação. Especialistas alertam para a necessidade de mais diálogo entre pais e filhos.
É muito importante os pais manter-se próximos dos filhos, conhecer seus gostos pessoais e saber quem são seus amigos. Além disso, os adultos precisam dialogar mais com os adolescentes, impor limites e participar do seu dia a dia.
Os pais devem ficar atentos ao notarem mudanças de comportamento, desinteresse por atividades que antes o filho gostava, queda de rendimento escolar, isolamento, uso de roupas de manga longa em dias quentes e cortes frequentes nos braços e pernas.
A automutilação pode se apresentar de diversas formas. A mais comum envolver fazer cortes nos braços, pernas ou barriga. Mas existem diversas outras formas, como esmurrar-se, chicotear-se, sufocar-se por alguns segundos, morder a si mesmo, cutucar feridas, queimar-se, furar-se com objetos pontiagudos, beliscar-se, ingerir produtos ou objetos perigosos como corrosivos ou alfinetes, bater em si mesmo, bater em parede ou outro objeto, tomar uma dose um pouco superior ao indicado de determinada medicação e etc.
Um dos primeiros indicadores que temos de que essa doença não se trata de chamar atenção é que normalmente a área escolhida para ser afetada é fácil de esconder com roupas ou acessórios. Pessoas que cortam o pulso, por exemplo, costumam usar pulseiras ou mangas compridas para disfarçar as feridas. As que ferem as coxas ou a barriga a mesma coisa, e quando essas áreas ficam aparentes, há uma grande atividade para esconder os danos, seja com maquiagem ou adotando uma posição que disfarce o ocorrido. Se a intenção fosse chamar atenção, por que não fazer em um local mais aparente, ou deixar que seja vista a ferida? O automutilador teme que suas ações sejam descobertas por dois motivos: para não ser criticado por seus atos visto que dificilmente eles são compreendidos e para poder continuar praticando a mutilação a si mesmo.
Então, essa característica de esconder as feridas leva o acometido a se privar de atividades que envolvam a exibição de seu corpo. Inda, aquela cena de filme que se passa na cabeça das pessoas de jovens sentados se cortando juntos é bastante fora da realidade. Quando um automutilador descobre que alguém está praticando o mesmo ato, costuma tentar prestar ajuda e deseja que a pessoa pare com esse comportamento, por saber que é nocivo.
Mas se não é para chamar atenção, para que é afinal?
Para as pessoas com o emocional estável pode ser difícil de compreender ou assimilar que alguém pode ferir a si mesmo achando que está fazendo o bem, mas é isso que ocorre. Existem dois perfis de automutilador.
O primeiro é a pessoa emocionalmente abalada, que passou por algum trauma, que sofre muita pressão ou passou por alguma grande rejeição na vida. Essas pessoas costumam ter dificuldade de se expressar verbalmente e de se relacionar com as pessoas, além de possuírem baixa autoestima. A automutilação nesses casos vem como um alívio emocional momentâneo. É uma forma de escapar da intensa dor emocional que acompanha a pessoa o tempo todo em sua vida e vivenciar por um tempo apenas a dor física. Sim, por mais estranho que possa parecer, a dor física nesse momento parece um alívio, pois distrai e leva embora por alguns segundos aquela dor emocional tão intensa e insuportável que acompanha a pessoa o tempo todo. Se ainda está difícil de entender, imagine aquelas pessoas que vivem com uma condição física ou ferida que doem o tempo todo, com o tempo, essas pessoas tendem a viciar em analgésicos e anestésicos devido a possibilidade de se livrar da dor por alguns momentos. A situação com a pessoa que se automutila é a mesma, mas ela se utiliza da dor física para conseguir alguns segundos de liberdade da dor emocional, visto que não existe um analgésico para dor emocional.
Outro perfil de automutilador é a pessoa que sente prazer através da dor. Aí não envolve alívio emocional e também não envolve carência de atenção. A atitude passa a ser apenas por prazer, mas isso já é tema para um outro post que posso fazer no futuro caso se interessem.
O que fazer?
A pessoa que se automutila está claramente em grande sofrimento e é assim que deve ser vista e tratada. É ideal aproximar-se da pessoa com delicadeza e com uma fala delicada, compreensiva, para fazê-la entender que precisa buscar ajuda. O apoio e compreensão dos amigos e familiares nesse momento são bastante importantes.
O profissional que atende essa pessoa deve ter um olhar delicado e ajudar o paciente a encontrar outras maneiras de lidar com esse sofrimento, além de compreendê-lo. Por isso a psicoterapia é indispensável nesses casos. O acompanhamento de um psiquiatra também pode vir a ser necessário.
Resumindo a questão
Por mais que essa pessoa precise de atenção – de uma atenção empática e delicada – o objetivo inicial dela ao se ferir nunca foi o de receber atenção, e sim de lidar com um sofrimento intenso. Sofrimento esse que pode intensificar se sua atitude é incompreendida e tomada como banal. Por isso é importante que tomemos conhecimento da gravidade e delicadeza do assunto para não reproduzirmos esse tipo de discurso leigo. Se há um pedido de atenção na automutilação, é o pedido silencioso de socorro de uma pessoa em sofrimento intenso.